Redução do Estado e a Promoção do Empreendedorismo

Menos Estado, na teoria, significa menos regulação, menos impostos e menos intervenção em setores como saúde, educação e assistência social. Isso poderia liberar recursos e incentivar o empreendedorismo, já que indivíduos e empresas teriam mais liberdade para inovar e investir. Países como Singapura e Hong Kong são exemplos frequentemente citados: baixa interferência estatal, altos níveis de liberdade econômica e crescimento robusto. Em Singapura, por exemplo, a carga tributária é baixa (cerca de 14% do PIB), e o ambiente de negócios é simplificado, o que atrai investimentos e fomenta startups. O resultado é uma economia dinâmica, com PIB per capita entre os mais altos do mundo.

No caso do Brasil, aplicar isso na prática enfrentaria desafios estruturais. Primeiro, a burocracia e os impostos altos (cerca de 33% do PIB) sufocam pequenas empresas — reduzir isso poderia, sim, estimular o empreendedorismo. Um estudo da Endeavor Brasil mostrou que PMEs (pequenas e médias empresas) geram 70% dos empregos formais, mas muitas fecham por entraves regulatórios. Menos Estado aqui poderia significar cortar barreiras como o tempo médio de 20 dias para abrir um negócio (contra 1 dia em países mais liberais).
Por outro lado, o "agravar problemas sociais" é um risco real. No Brasil, a desigualdade é gritante (Gini de 0,48, um dos mais altos da América Latina), e serviços públicos, mesmo precários, são a única rede de apoio para milhões. Se o Estado recua sem que o mercado preencha o vácuo rapidamente, áreas como saúde e educação podem colapsar para os mais pobres. Chile, após as reformas liberais de Pinochet, viu crescimento econômico, mas também aumento inicial da desigualdade — só décadas depois, com ajustes, o sistema se estabilizou.
Na prática, funcionaria assim:
  1. Corte de regulações e impostos: Simplificar o sistema tributário (unificando impostos como PIS, COFINS e ICMS) e desonerar a folha de pagamento poderia baratear contratações e incentivar formalização.
  2. Estímulo ao mercado: Foco em microcrédito e capacitação para empreendedores, especialmente em regiões como o Nordeste, onde o setor informal predomina.
  3. Transição social: Em vez de um corte abrupto, o Estado poderia realocar recursos para programas temporários (ex.: renda básica focalizada) enquanto o mercado ganha tração.
O debate é se o mercado livre, sozinho, resolve tudo rápido o suficiente. Críticos dirão que, sem Estado, os vulneráveis ficam desprotegidos; defensores argumentarão que o crescimento gerado acaba "transbordando" para todos. Historicamente, países que equilibraram liberalização com redes de segurança (como a Dinamarca) tiveram mais sucesso que os que apostaram só no mercado. No Brasil, o resultado dependeria da execução: uma reforma mal planejada pode virar caos; uma bem feita, um motor de crescimento.
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