A visão do Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, sobre o cenário global e a política externa brasileira

Se reflete em uma tese central que pode ser sintetizada como **a defesa de uma política externa soberana, universalista e comprometida com o multilateralismo, a justiça social e o desenvolvimento sustentável, visando reposicionar o Brasil como protagonista no cenário internacional**. Essa tese emerge de suas declarações e atuações, destacando-se os seguintes pilares fundamentais:


1. **Rejeição à resolução de conflitos pela força e defesa do multilateralismo**: Vieira enfatiza que o Brasil não aceita um mundo onde diferenças sejam resolvidas por meio de conflitos armados, posicionando o país como defensor de soluções pacíficas e negociadas sob o amparo de instituições multilaterais, como as Nações Unidas. Ele critica a busca por hegemonias, sejam elas tradicionais ou emergentes, e advoga por uma governança global reformulada, mais inclusiva e representativa, que dê voz aos países em desenvolvimento.


2. **Reinserção do Brasil no cenário global**: Um dos eixos centrais de sua tese é a ideia de que o Brasil, após um período de isolamento devido a uma "visão ideológica limitante" do governo anterior, deve retomar seu lugar como ator relevante na América Latina e no mundo. Isso inclui a reabertura de canais de diálogo com diversas regiões — como América do Sul, África, Ásia e Oriente Médio — e o fortalecimento de mecanismos de integração regional, como o Mercosul, a Unasul e a Celac.


3. **Soberania e independência na política externa**: Vieira destaca que o Brasil deve "pensar com a própria cabeça" e seguir uma trajetória internacional autônoma, rejeitando alinhamentos automáticos ou imposições externas. Essa postura soberana se alinha aos princípios constitucionais brasileiros, como a autodeterminação dos povos e a defesa da paz, e busca equilibrar relações com grandes potências, como EUA e China, sem sacrificar os interesses nacionais.


4. **Combate à fome, pobreza e desigualdade como prioridade global**: Outro pilar da tese de Vieira é o compromisso com uma agenda internacional que priorize a erradicação da fome e da pobreza, como exemplificado pela liderança do Brasil na criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza durante a presidência do G20. Ele vê essa iniciativa como uma contribuição concreta do Brasil para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mobilizando recursos e conhecimento em escala global.


5. **Sustentabilidade e liderança ambiental**: Vieira posiciona o Brasil como um líder no enfrentamento às mudanças climáticas, destacando a candidatura para sediar a COP30 em 2025 e o compromisso com o desmatamento zero na Amazônia. Ele rejeita o uso de preocupações ambientais como pretextos para protecionismo, defendendo uma abordagem integrada que combine desenvolvimento econômico, social e ambiental.


Em síntese, a tese de Mauro Vieira repousa na ideia de que a política externa brasileira deve ser um instrumento de reconstrução da imagem e da influência do país no mundo, fundamentada em princípios de independência, diálogo, inclusão e responsabilidade global. Ele enxerga o Brasil como um "país insatelitizável", capaz de articular uma visão própria e contribuir ativamente para uma ordem mundial mais justa, pacífica e sustentável, em um contexto de desafios como crises climáticas, desigualdades e tensões geopolíticas.

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