Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, faleceu em 20 de novembro de 2023, enquanto estava preso preventivamente no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Ele foi detido em 9 de janeiro de 2023, após os eventos de 8 de janeiro, acusado de participar da invasão aos prédios dos Três Poderes. Durante os 11 meses em que esteve sob custódia, Clezão, então com 46 anos, sofria de diabetes e hipertensão, condições que exigiam medicação controlada e acompanhamento médico.
A defesa de Cleriston apresentou múltiplos pedidos de liberdade ao Supremo Tribunal Federal (STF), destacando seu estado de saúde delicado, agravado por sequelas de Covid-19, como problemas cardíacos e imunossupressão. Laudos médicos indicavam risco de morte caso ele permanecesse em condições prisionais inadequadas. Em 1º de setembro de 2023, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu parecer favorável à sua soltura, argumentando que, após o término da fase de instrução do processo, não havia mais justificativa para a prisão preventiva, sugerindo medidas cautelares como alternativa. Apesar disso, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, não analisou o pedido antes da morte de Cleriston.
No dia do falecimento, Cleriston sofreu um mal súbito durante o banho de sol e, apesar das tentativas de reanimação por equipes do Samu e do Corpo de Bombeiros, foi declarado morto às 10h58. Após o ocorrido, Moraes solicitou informações detalhadas à direção da Papuda, incluindo prontuários e relatórios médicos, mas a família e críticos apontaram que a demora em avaliar os pedidos de soltura contribuiu para o desfecho. A Defensoria Pública relatou demora no socorro e falta de equipamentos adequados no atendimento, enquanto a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal afirmou que o atendimento foi imediato.
Clezão era um empresário baiano, radicado no Distrito Federal há 20 anos, pai de duas filhas e esposo, descrito por familiares como extrovertido e patriota. Sua morte gerou indignação entre parentes e apoiadores, que acusaram o Estado de negligência e violação de direitos, especialmente por mantê-lo preso sem julgamento definitivo, em um contexto de condições carcerárias amplamente criticadas. O caso levantou debates sobre a condução dos processos relacionados ao 8 de janeiro e o tratamento dispensado aos detidos.
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