Algoritmos de Redes Sociais e a Marginalização de Minorias: Um Obstáculo à Equidade

Introdução


A citação bíblica “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13) reflete uma mensagem de resiliência e esperança, frequentemente evocada em contextos de luta por justiça. No entanto, no cenário digital contemporâneo, a busca por equidade enfrenta barreiras invisíveis impostas por algoritmos de redes sociais, que, longe de serem neutros, amplificam desigualdades e silenciam vozes minoritárias. Este artigo explora como esses sistemas contribuem para a marginalização de pequenos grupos e minorias, analisando os vieses algorítmicos e propondo caminhos para uma inclusão digital mais justa, mantendo a conexão com princípios morais de equidade e solidariedade.


O Papel dos Algoritmos na Marginalização


Os algoritmos de redes sociais, como os de plataformas como X, Instagram e YouTube, são projetados para maximizar o engajamento, priorizando conteúdos que geram cliques, curtidas e compartilhamentos. No entanto, essa lógica comercial frequentemente reproduz vieses sociais existentes. Segundo Tarcízio Silva, pesquisador da Fiocruz, o “racismo algorítmico” ocorre quando tecnologias digitais reforçam ordenações racializadas de conhecimento e recursos, impactando negativamente grupos não brancos. Por exemplo, sistemas de moderação de conteúdo podem desproporcionalmente silenciar ativistas de minorias, enquanto conteúdos polarizantes ou sensacionalistas, muitas vezes alinhados a narrativas dominantes, ganham maior alcance.(https://sul21.com.br/noticias/geral/2023/04/algoritmos-replicam-racismo-estrutural-nas-redes-sociais-aponta-pesquisador-da-fiocruz/)


Um caso emblemático é o shadowbanning, prática em que contas de ativistas (como os que defendem direitos indígenas ou LGBTQ+) têm seu alcance reduzido sem notificação. Estudos apontam que isso ocorre devido a denúncias em massa ou a interpretações enviesadas de “conteúdo sensível” pelos algoritmos. Além disso, os dados usados para treinar esses sistemas refletem desigualdades históricas: bancos de imagens, por exemplo, podem associar “famílias negras” a estereótipos negativos, enquanto “famílias brancas” aparecem em contextos positivos.(https://www.sescsp.org.br/editorial/artigos-analisam-a-logica-e-refletem-sobre-a-influencia-social-dos-algoritmos/)(https://www.researchgate.net/publication/358278108_Racismo_algoritmico_inteligencia_artificial_e_discriminacao_nas_redes_digitais)


Impactos nas Minorias


No Brasil, grupos como povos indígenas, comunidades negras, mulheres e pessoas LGBTQ+ enfrentam barreiras adicionais no ambiente digital. Um estudo de 2024 sobre racismo algorítmico analisou o caso da deputada Renata Souza, que sofreu microagressões online após usar IA para retratar uma mulher negra em uma favela. Os comentários nas redes focaram em criticar o termo “favela” em vez de questionar os vieses da inteligência artificial, evidenciando como algoritmos amplificam narrativas discriminatórias.(https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/74207)


Esses sistemas também criam “bolhas ideológicas”, que reforçam visões de mundo homogêneas e dificultam o diálogo. Como apontado por Claudio Bruno, da Cortex, a seletividade algorítmica molda interfaces excludentes, limitando a exposição a perspectivas diversas. Para minorias, isso significa menor visibilidade de suas lutas e maior dificuldade em alcançar solidariedade ou apoio.(https://www.cortex-intelligence.com/intelligence-review/sociedade-fragmentada-como-o-uso-de-algoritmos-influencia-a-formacao-da-opiniao-publica)


Caminhos para a Equidade Digital


Para combater a marginalização algorítmica, é necessário um esforço conjunto entre tecnologia, política e sociedade civil. Algumas estratégias incluem:


1. Transparência e Auditoria: Plataformas devem divulgar como seus algoritmos funcionam e submeter-se a auditorias independentes para identificar vieses. Virgílio Almeida, da USP, destaca a importância de aproximar a engenharia das ciências sociais para entender as consequências sociais desses sistemas.(https://jornal.usp.br/cultura/algoritmos-podem-levar-a-aumento-da-exclusao-na-sociedade/)

2. Diversidade nos Dados: Incluir perspectivas minoritárias nos conjuntos de dados usados para treinar algoritmos, garantindo representações mais equilibradas.

3. Amplificação Intencional: Criar mecanismos, como curadoria editorial ou hashtags específicas, para aumentar a visibilidade de vozes sub-representadas.

4. Educação Digital: Promover letramento algorítmico, permitindo que usuários compreendam e questionem os sistemas que moldam suas experiências online.(https://blogfca.pucminas.br/colab/racismo-algoritmico-o-preconceito-na-programacao/)

5. Regulamentação: Estabelecer políticas públicas que responsabilizem plataformas por práticas discriminatórias, como já discutido no Brasil em debates sobre regulação de redes sociais.(https://sul21.com.br/noticias/geral/2023/04/algoritmos-replicam-racismo-estrutural-nas-redes-sociais-aponta-pesquisador-da-fiocruz/)


Conexão com Princípios Morais


A luta por equidade digital alinha-se aos valores cristãos de compaixão e justiça, evocados na citação inicial. Dar voz aos marginalizados não é apenas uma questão técnica, mas um imperativo ético. Como argumenta Cathy O’Neil, algoritmos opacos e não regulamentados perpetuam desigualdades, desafiando a ideia de um mundo mais justo. Assim, a ação coletiva para reformar esses sistemas reflete o chamado a “atuar com equidade” e proteger os vulneráveis, independentemente de divisões ideológicas entre esquerda e direita.(https://www.sescsp.org.br/editorial/artigos-analisam-a-logica-e-refletem-sobre-a-influencia-social-dos-algoritmos/)


Conclusão


Os algoritmos de redes sociais, ao priorizarem lucro e engajamento, frequentemente marginalizam minorias, silenciando suas vozes e perpetuando vieses estruturais. Combater essa exclusão exige transparência, diversidade e um compromisso ético com a justiça. Inspirados por princípios de solidariedade e pela força de “aquele que nos fortalece”, podemos transformar o ambiente digital em um espaço de inclusão, onde pequenos grupos e minorias não apenas sobrevivam, mas prosperem.


Referências Bibliográficas


- Almeida, Virgílio. “Algoritmos podem levar a aumento da exclusão na sociedade.” Jornal da USP, 12 abr. 2022. Disponível em: <https://jornal.usp.br>.(https://jornal.usp.br/cultura/algoritmos-podem-levar-a-aumento-da-exclusao-na-sociedade/)

- Araújo, Júlio. “Racismo algorítmico e microagressões nas redes sociais.” Domínios de Lingu@gem, 8 out. 2024. Disponível em: <https://seer.ufu.br>.(https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/74207)

- Bruno, Claudio. “Sociedade fragmentada: como o uso de algoritmos influencia a formação da opinião pública.” Cortex Intelligence, 15 nov. 2022. Disponível em: <https://www.cortex-intelligence.com>.(https://www.cortex-intelligence.com/intelligence-review/sociedade-fragmentada-como-o-uso-de-algoritmos-influencia-a-formacao-da-opiniao-publica)

- Silva, Tarcízio. Racismo Algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas redes digitais. Edições SESC, 2022. Disponível em: <https://racismo-algoritmico.pubpub.org>.(https://racismo-algoritmico.pubpub.org/)

- Silva, Tarcízio. “Racismo algorítmico replicado nas redes sociais.” Sul 21, 16 abr. 2023. Disponível em: <https://sul21.com.br>.(https://sul21.com.br/noticias/geral/2023/04/algoritmos-replicam-racismo-estrutural-nas-redes-sociais-aponta-pesquisador-da-fiocruz/)

- O’Neil, Cathy. Algoritmos de destruição em massa: como o big data aumenta a desigualdade e ameaça a democracia. Rua do Sabão, 2020. Citado em: Sesc São Paulo, 31 ago. 2023. Disponível em: <https://www.sescsp.org.br>.(https://www.sescsp.org.br/editorial/artigos-analisam-a-logica-e-refletem-sobre-a-influencia-social-dos-algoritmos/)


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